sábado, 12 de fevereiro de 2011

Amazing Journey (listening to you I get the music)!

03 de maio de 1970. Esta foi a data em que uma gravadora perpetrou uma das maiores safadezas contra uma banda e seus fãs. Foi a data de lançamento do LP (alguém ainda lembra o que é isso?) “Live at Leeds”, que continha seis faixas onde a própria Banda avisava na contracapa da bolacha que o disco era estalado mesmo; que não se tratava de defeito das “agulhas” ou dos aparelhos de som dos consumidores; que era um projeto meio “pirata” por isso o layout da capa, a mixagem ruim, o som pior ainda. Enfim, o disco era uma joça! Alguns alucinados, sobretudo da imprensa, começaram uma história de que aquele era “o melhor álbum ao vivo da história do rock” até então. E você sabe como é, o público sempre vai atrás desses blá-blá-blás, afinal o que está no jornal é verdade absoluta, senão não estaria no jornal. De maneiras que “Live at Leeds” alcançou o status de clássico instantâneo.

E, quase que num transe auditivo, apareceriam dois narigudos: um, vestindo um macacão daqueles de frentista do manicômio, destruía cem guitarras por minuto na minha cabeça; o outro implodindo cada pedaço de razão que ainda pudesse restar num sub-desenvolvido crânio sul-americano com uma bateria que mais parecia uma máquina dos infernos. Ah, sim... tinha ainda um baixista que fazia com “seu instrumento” o que a gente poderia chamar de “justiça com as próprias mãos” e também um vocalista trajando uma camisa de braços cheios de franjinhas e que, quando não estava urrando no meus ouvidos, pensava que seu microfone era algum protótipo de helicóptero, como uma engrenagem bem azeitada, esse amálgama de feiúra, insanidade, suor, barulho, fúria e rock & roll jogava a pá de cal definitiva sobre os 60s, sepultando os Burt Bacharahs, Jose Felicianos e Sonny & Cher da vida pop e mandando a mainstream hippie e o tal de paz & amor pro diabo e para o LSD que lhes carregassem.


Eles se chamavam The Who, ou esse tal de rock & roll, como queira, e estavam ali em Leeds, cientes de que tinham uma responsabilidade (ou não) para com aquela audiência. Do You Think It's Allright, We're Not Gonna Take It e Welcome My Life Tatoo eram as porradas sonoras do então recém lançado Live At Leeds. Depois de “Live at Leeds”, nada foi mais o mesmo, nem as bandas, nem os discos ao vivo, nem as platéias do rock, nem eu. O fato é que “Live at Leeds” foi o show parâmetro que todas as grandes bandas da mesma época tentaram alcançar, mas que permaneceu inatingível até 1995, quando as gravadoras lançaram um novo disco do Who, chamado... “Live at Leeds”! Nesse ano, o The Who ganhou muito milhares de dólares com o relançamento melhorado (sem os estalos genuínos) e com músicas adicionais. Até aí tudo bem.

Só que em 2001, outra "puta falta de sacanagem". Live At Leeds Deluxe Edition. Essa foi a versão que eu adquiri, comprada diretamente dos EUA. E ali, naquele momento, aquele transe que muitas pessoas tiveram em 1970, eu tive 31 anos depois. Foi uma sensação indescritível. Só mesmo quem ouve o disco no volume máximo nos fones de ouvido (é, porque obrigatóriamente TEM que ser nos fones, pra sensação ser mais completa) sabe o que eu estou falando.

Sempre me falaram que TOMMY é o grande legado do The Who. Não tem como negar a importância de Tommy no cenário, por se tratar da primeira ópera-rock álbum conceitual e tudo o mais... Mas Live At Leeds com a sua versão deluxe conta, inclusive, com a versão quase completa de Tommy, salvo Cousin Kevin, Underture e Welcome. E fala por si próprio. Embarque você também nessa "Amazing Journey".
fonte: www.whiplash.net

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