Stanley Kubrick foi um gênio, goste você ou não de seus filmes. Vamos colocar da seguinte maneira: Bons diretores costumam fazer bons filmes. Excelentes diretores produzem obras maravilhosas. Gênios criam trabalhos que serão descobertos e redescobertos por décadas. O Iluminado (The Shining em inglês) é um destes trabalhos.
Adaptado do best-seller de Stephen King (que não gostou nada de ver seu livro sendo totalmente modificado), o filme figura desde 1980 em listas de clássicos do cinema e, porque não, do suspense. É um daqueles feitos para ser assistido a noites e com luzes apagadas. Mas, além de sustos (e muitos), O Iluminado também tem camadas. Várias camadas. Dezenas delas. E são estas camadas o foco do excelente documentário Room 237, longa que vem causando alvoroço no universo cinéfilo.
Dirigida por Rodney Ascher, a produção é recheada de entrevistas com fãs de carteirinha dos trabalhos de Kubrick, que aqui entornam uma enxurrada de easter eggs e teorias que cercam até hoje os bastidores da famosa adaptação.
Dentre as dezenas de teses apresentadas estão as de que:
- Stanley Kubrick confirma com O Iluminado a ideia de que o homem não pisou na lua
Em uma determinada cena do filme, alguns conspirólogos acreditam ter uma mensagem clara de que o diretor realmente forjou o passeio de Neil Armstrong em solo lunar com o que seria uma transmissão falsa do pouso da Apollo 11 no nosso inabitado satélite.
Nela, o jovem Danny (Danny Torrance) se levanta do chão usando uma camisa com o desenho da tal espaçonave e caminha até o fantasmagórico quarto 237 (que no inglês seria "Room Nº 237", um anagrama da palavra Moon, ou melhor, "lua"). Além dessa dica, existe também o fato de que, no original, o número do dormitório é 217, mas neste foi mudado pelo diretor para fazer uma referência à distância que a Terra está da Lua: 237.000 milhas.
- O filme seria uma metáfora sobre o programa de controle da mente da CIA
Quando as duas gêmeas aparecem na porta de uma das salas do amaldiçoado Overlook Hotel, o diretor dá uma pausa e foca em três pôsteres pregados nas paredes. Além da arte contendo um minotauro (que seria uma alusão direta ao labirinto/jardim do filme), existe outro com um homem praticando ski na neve. Logo abaixo dele existe em letras garrafais a palavra "Monarch" (monarca), que já foi usada como codinome para o programa MKUltra, usado pelos EUA durante a Guerra Fria.
No programa, o Serviço de Inteligência usava drogas e alguns procedimentos para interrogar e torturar presos atrás de confissões. Entre os materiais usados nos experimentos estariam o LSD e Mescalina. A ideia é a de que talvez Jack Nicholson possa ter ficado lesado, dando uma passadinha em alguma sala escura do exército do Tio Sam.
- Alusão ao Holocausto
Segundo os entrevistados, O Iluminado é recheado de mensagens subliminares que fazem citações ao genocídio da segunda-guerra. Águias em forma de emblemas nazistas, o número 42 em vários takes (referência ao ano de 1942) e tantos outros símbolos, seriam uma forma que Kubrick encontrou para mostrar seu respeito aos mortos nos campos de concentração.
Além de servir como um prato cheio para os fãs de The Shining, Room 237 também usa seu formato documental para apresentar informações sobre seu excêntrico diretor, pincelando até mesmo outros projetos de sua filmografia como 2001 - Uma Odisséia No Espaço e Nascido Para Matar.
Rápido e bastante didático, o longa ainda poderia ter contado com a participação de Lee Unkrich, responsável por Toy Story 3 e admirador confesso da mitologia criada em O Iluminado (o cara também mantém o site The Overlook Hotel).
Room 237 ainda não tem data prevista para sair no Brasil.
Aproveitando o link, cuja matéria original foi publicada no Altamente Ácido, que tal lembrar de um disco lançado em 1987 pelo Black Sabbath chamado The Eternal Idol, cuja faixa de abertura era "The Shining". Ouça abaixo.
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