terça-feira, 27 de março de 2012
Invasion.
Vincent John Cusano (nasceu em 6 de agosto de 1952 em Bridgeport, Connecticut), é um virtuoso guitarrista conhecido como Vinnie Vincent, famoso pela sua passagem pela banda Kiss. Vincent também trabalhou compondo para um programa de televisão, chamado "Happy Days" (escrevendo canções que Joanie e Chachi cantavam no show) e também formou sua banda, Vinnie Vincent Invasion.
No último dia do ano de 1982, os fãs do Kiss foram surpreendidos: exatamente na festa de reveillon, Ace Frehley não apareceu. No seu lugar, na guitarra, aparecia um rosto - e uma máscara- desconhecidos, com uma espécie de cruz com um arco, fincada no nariz e se abrindo na testa (Ankh, símbolo do antigo Egito, que se refere à nova vida). Era Vinnie Vincent, substituto de Ace que já havia deixado o grupo. Vinnie já estava envolvido com o Kiss antes mesmo da sua entrada no grupo, pois foi co-autor de três faixas do disco Creatures Of The Night e solou em algumas faixas do mesmo disco. Naquele reveillon de 1982 em Illinois, Vinnie apareceu tocando sem sequer ser anunciado. Participou de toda a turnê deste disco, gravou Lick It Up, mas ao final da turnê deixou o grupo.
Como já tinha um nome reconhecido mundialmente, parte logo em seguida para seu projeto solo batizado simplesmente de Vinnie Vincent Invasion. Prepara suas próprias composições, recruta Robert Fleischmann, seu amigo e vocalista dos velhos tempos, e gravam algumas demos.
A gravadora Chrysalis adorou o que ouviu e logo assina um contrato milionário com a nova banda para a gravação de seu primeiro disco. Agora com Dana Strum no baixo e Bobby Rock nas baquetas, este quarteto norte-americano apresentava um visual glam que faria o Poison se roer de inveja. Independente deste aparato andrógino, este seu primeiro disco lançado em 1986 foi um sucesso imediato. Chamado apenas de "Invasion", o álbum, com 10 faixas matadoras tinha o extremismo do hard rock feito por Vinnie com seus riffs alucinantes e pesados acompanhados por vocais escandalosos.
É um clássico que muitas vezes passa despercebido aos ouvidos de quem é amante do heavy metal. Os solos de guitarra são algo supreendentes, tenho até a impressão de que o grande Dimebag Darrel se inspirou nele para seu estilo de tocar. Pra quem gosta de rock bem ao estilo anos 80, sem comparações com Poison e outras bandas, vale a pena escutar nos headphones no volume "ONZE". Sonzeira!
Fonte: Wikipedia.
Experimente:
segunda-feira, 26 de março de 2012
Uma das bandas mais cultuadas dos anos 80 a W.A.S.P. fez seu debut em 1984 com este disco e, logo de cara já causou polêmica. A capa de Animal (Fuck Like a Beast) foi proibida pela censura, então o disco saiu com outro nome (Winged Assassins). E em sua versão K7, tinha o nome I Wanna Be Somebody em negrito. Hoje é possível encontrar a capa original do disco em sebos e também em CD.
Eu tenho duas lembranças de W.A.S.P. em minha adolescência. A primeira, foi quando lá no finalzinho dos anos 80 e começinho dos anos 90 eu, com todo meu vasto conhecimento quis montar uma banda junto com meu amigo. É que o irmão mais velho dele tinha uma bateria montada no quarto de casa e tinha uma banda. E ele ouvia W.A.S.P., DIO, TWISTED SISTER entre outras pérolas do heavy metal oitentista. E foi aí que eu vi pela primeira vez o disco do W.A.S.P., algo que me chamou atenção pelo peso. Nunca tinha ouvido nada igual até então.
E minha segunda lembrança foi poucos anos mais tarde, no programa PATRULHA NOTURNA, que ia ao ar pela rádio Elite FM todas as sextas-feiras, das 23h à 1h da manhã. E era muito legal, pois eu descobri um sem número de bandas. Nessa época, se eu mencionasse ou apenas pensasse em ter um destes discos era capaz de estar morando na rua até hoje. Então, tinha que ser tudo na surdina, sem ninguém saber. E o programa na rádio servia pra isso, pra você gravar uma fita com o que tocasse, independente da banda, pra você ficar ouvindo repetidamente no seu playerzinho e nos headphones, pra conhecer o maior número de bandas possíveis. Ah, como eu fazia pra ter o maior número de fitas K7? Simples. Recoria aos meus vizinhos, hahaha. Ao saudoso amigo Gilmar Gallina, que me apresentou vários petardos.
Era um programa legal. Um dos comerciais que eram passados era o seguinte: "PATRULHA NOTURNA TEM O OFERECIMENTO DE CASA DE CARNES DE FULANO, POIS ROQUEIRO TAMBÉM GOSTA DE COMER CARNE". Poisé! Eram bons tempos esses. Hoje tudo é mais fácil, tem disponibilidade maior e melhor.
Bem, o disco é muito legal pra quem gosta de heavy metal dos bons. Se quiser saber mais, tá aí!
Experimente:
sexta-feira, 23 de março de 2012
Paulera na molera!
Esta é uma daquelas bandas que você sente a empatia ao primeiro acorde. E exatamente na data de hoje (23/03/2012) fazem 18 anos que eles lançaram o seu disco mais pesado até então. FAR BEYOND DRIVEN do PANTERA.
O disco é estupidamente pesado, com a guitarra de Dimebag Darrell surpreendendo a cada acorde, o bumbo duplo de Vinnie Paul como se fosse uma locomotiva e os vocais de Phil Anselmo que entram em sua cabeça e fazem seu cérebro virar gelatina. Pra mim, até hoje, Phil Anselmo é o melhor vocalista de metal que já existiu. O disco é o mais bem-sucedido e é de vanguarda. Eles vinham na contramão de tudo, mostrando que o metal ainda tinha bastante fôlego pela frente (graças a Deus).
A capa é um texto a parte. A capa original era literalmente um foda-se pra indústria musical. Tanto que foi censurada. Porém você encontra em versões de vinil por aí. Sou suspeito em falar, pois quando eles lançaram o Cowboys From Hell, eu fui comprar. E comprei pela capa, mas quando ouvi, foi algo que mexeu comigo. Depois veio Vulgar Display Of Power e Far Beyond Driven.
Assim como o Sex Pistols, toda vez que eu ouço o Pantera, eu tenho vontade de quebrar tudo. Paulera na molera. Assim se resume o Far Beyon Drive. Tire suas próprias conclusões!
Experimente:
quinta-feira, 22 de março de 2012
Black Album
(Dedicado a Maurício Vendruscolo e Ricardo Bellei, amigos de longa data)
Hoje vou falar de forma bem natural, que eu acho que é a melhor maneira de se escrever em um blog, contando a sua experiência com este ou aquele disco. E hoje eu vou falar de um dos discos que realmente mudaram o mundo, que foram um divisor de águas.
O ano era 1991 e ainda cursava o colegial. Nós eramos um grupo pequeno, não nos misturávamos muito com a galera mais "pop" do colégio, queríamos revolucionar o mundo, transpor barreiras e não ficar naquele modismo. A virada de década de 80 para 90 por si só já foi um grande feito para a música contemporânea. Michael Jackson tinha lançado o Dangerous e revolucionado a maneira de fazer video clips, com alta tecnologia. O Guns N' Roses tinha acabado de lançar os discos siameses USE YOUR ILLUSIONS. O GRUNGE tinha era o novo estilo que iria perpetuar nossas vidas durante um bom tempo, com o revolucionário NEVERMIND do NIRVANA, TEN do PEARL JAM e o BADMORTORFINGER do SOUNDGARDEN, tinha o BLOOD SUGAR SEX MAGIC da RED HOT CHILI PEPERS. Tinha também o ACHTUNG BABY do U2, NO MORE TEARS do OZZY, FEAR OF THE DARK, do IRON.
E teve aquele disco que transpos as barreiras do metal, de todo a maneira de tocar o rock. E eu falo do BLACK ALBUM do METALLICA. Aqui, eles obtiveram o posto de MAIOR BANDA DE ROCK DO MUNDO. Tem status de super produção, pois foi levado totalmente ao extremo e minimamente tratado por Bob Rock e Randy Staub (o engenheiro se som). Gravado em rolo de fita, o som é pesado, com crunch, é o som do Metallica.
Eu lembro até hoje o dia em que meu amigo falou que tinha comprado o Black Album. Eu não parava de ouvir, era voltar a agulha do prato de vinil e ouvir a toda nos Headphones. E, quando eu devolvi o disco, já tinha dado uma de esperto, tinha gravado uma fita K7, com direito a capa personalizada e tudo. Naquela época a gente se reunia um na casa do outro pra ouvir ficar imaginando que um dia teríamos uma banda e que iríamos mudar o mundo. Era engraçado.
Esse disco também mudou a postura musical do Metallica, pois neste disco tem a balada NOTHING ELSE MATTERS, provando que roqueiro sabe sim fazer balada e as mais belas canções. Ponto final!
É uma época que fica marcada na vida da gente, tenho certeza de que cada um tem a sua história. Pra conseguir TODOS estes disco aí em cima, deu falado. Era uma porrada de caro. Mas com o tempo, dedicação e paciêcia, todos estão ali na minha prateleira e volta e meia são ouvidos.
E você também é fã de Metallica? Então experimente.
Experimente:
Hoje vou falar de forma bem natural, que eu acho que é a melhor maneira de se escrever em um blog, contando a sua experiência com este ou aquele disco. E hoje eu vou falar de um dos discos que realmente mudaram o mundo, que foram um divisor de águas.
O ano era 1991 e ainda cursava o colegial. Nós eramos um grupo pequeno, não nos misturávamos muito com a galera mais "pop" do colégio, queríamos revolucionar o mundo, transpor barreiras e não ficar naquele modismo. A virada de década de 80 para 90 por si só já foi um grande feito para a música contemporânea. Michael Jackson tinha lançado o Dangerous e revolucionado a maneira de fazer video clips, com alta tecnologia. O Guns N' Roses tinha acabado de lançar os discos siameses USE YOUR ILLUSIONS. O GRUNGE tinha era o novo estilo que iria perpetuar nossas vidas durante um bom tempo, com o revolucionário NEVERMIND do NIRVANA, TEN do PEARL JAM e o BADMORTORFINGER do SOUNDGARDEN, tinha o BLOOD SUGAR SEX MAGIC da RED HOT CHILI PEPERS. Tinha também o ACHTUNG BABY do U2, NO MORE TEARS do OZZY, FEAR OF THE DARK, do IRON.
E teve aquele disco que transpos as barreiras do metal, de todo a maneira de tocar o rock. E eu falo do BLACK ALBUM do METALLICA. Aqui, eles obtiveram o posto de MAIOR BANDA DE ROCK DO MUNDO. Tem status de super produção, pois foi levado totalmente ao extremo e minimamente tratado por Bob Rock e Randy Staub (o engenheiro se som). Gravado em rolo de fita, o som é pesado, com crunch, é o som do Metallica.
Eu lembro até hoje o dia em que meu amigo falou que tinha comprado o Black Album. Eu não parava de ouvir, era voltar a agulha do prato de vinil e ouvir a toda nos Headphones. E, quando eu devolvi o disco, já tinha dado uma de esperto, tinha gravado uma fita K7, com direito a capa personalizada e tudo. Naquela época a gente se reunia um na casa do outro pra ouvir ficar imaginando que um dia teríamos uma banda e que iríamos mudar o mundo. Era engraçado.
Esse disco também mudou a postura musical do Metallica, pois neste disco tem a balada NOTHING ELSE MATTERS, provando que roqueiro sabe sim fazer balada e as mais belas canções. Ponto final!
É uma época que fica marcada na vida da gente, tenho certeza de que cada um tem a sua história. Pra conseguir TODOS estes disco aí em cima, deu falado. Era uma porrada de caro. Mas com o tempo, dedicação e paciêcia, todos estão ali na minha prateleira e volta e meia são ouvidos.
E você também é fã de Metallica? Então experimente.
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quarta-feira, 21 de março de 2012
No Future For You!
(Dedicado ao amigo Pedro Leirias Jr.)
Never Mind The Bollocks, Here's The Sex Pistols é o primeiro e único álbum de estúdio da banda britânica de punk rock Sex Pistols.
Os Sex Pistols duraram como banda por volta de dois anos, no final da década de 70, mas foi tempo suficiente para que eles mudasse, radicalmente a cara da música. Com suas letras cruas, niilistas e violentas performances ao vivo, a banda revolucionou o Rock And Roll, sendo uma das principais influências do Punk Rock.
Por trás de suas táticas de choque e negativismo havia uma crítica social cuidadosamente pensada para gerar altíssimo impacto. O álbum articulava com perfeição a frustração, raiva e insatisfação da classe trabalhadora inglesa com o establishment.
O grupo abriu caminho para incontáveis outras bandas fazerem o mesmo (Ramones e The Clash foram os maiores expoentes), mas nenhuma foi tão abusada. É fácil ver como a energia da banda e sua atitude geraram uma revolução musical. Originalmente lançado em 1977, Never Mind The Bollocks não perdeu sua fúria ou originalidade com o passar do tempo.
O disco está na lista dos 200 álbuns definitivos do Rock And Roll Hall Of Fame. God Save The Queen e Anarchy In The U.K. são os pontos altos da banda que ainda de quebra tinha Sid Vicious, expoente máximo da cultura punk. Submission, faixa 03 do lado B parece uma cópia de HELLO, I LOVE YOU do The Doors, pode conferir.
Experimente:
terça-feira, 20 de março de 2012
Let It Bleed!
Let It Bleed é o oitavo álbum de estúdio da banda de rock inglesa The Rolling Stones., lançado em 29 de dezembro de 1969. É o último álbum que conta com a participação de Brian Jones (harpa em "You Got The Silver" e percursão em "Midnight Rambler"), que foi expulso e morreu pouco tempo depois em circunstâncias até hoje misteriosas. Morreu com 27 anos e faz parte do "clube dos 27", aquele onde fazem parte os grandes ícones que morreram com 27 anos. Este álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock And Roll Hall Of Fame.
O álbum dos Rolling Stones é muitas vezes pensado como sendo uma resposta ou mesmo uma paródia de Let It Be dos Beatles, embora eles não tenham lançado a música ou mesmo o álbum de mesmo nome até 1970, seis meses após Let It Bleed. As sessões de gravação do álbum dos Beatles já haviam ocorrido em janeiro de 1969, antes da maioria das sessões de Let It Bleed e era de conhecimento geral que o projeto existia, mas o nome previsto para o álbum era Get Back.
São várias as teorias a respeito se o título foi tirando sarro dos Beatles e sua incapacidade de concluir seu próprio álbum, ou era uma expressão de solidariedade com um processo de gravação longo, ou se na verdade os Beatles é que teria se inspirado no título do álbum dos Rolling Stones.
Sobre a coincidência sobre o nome do álbum dos Rolling Stones e dos Beatles, Keith Richards disse em 1971: "Não tem nada a ver com o Let It Be dos Beatles. Foi uma coincidência, pois você trabalha sobre as mesmas linhas ao mesmo tempo, na mesma idade... como vários outros caras... Todos querendo fazer a mesma coisa basicamente."
Esse disco é indispensável em qualquer prateleira que se preze, portanto se você não tem, corra atrás ou Experimente.
Experimente:
quarta-feira, 7 de março de 2012
Morrissey, um eterno iconoclasta da música pop
Texto retirado do site Valor Econômico.
Tímidos, infelizes, deslocados, deprimidos e afanadores de lojas de todo o mundo, uni-vos. Stephen Morrissey, o homem que há 30 anos insiste na ideia de que a música pop não é (apenas) para aos alegres, inconsequentes, frívolos e leves de espírito, está entre nós. Sua turnê brasileira começa hoje, em Belo Horizonte, e segue para o Rio, na sexta, e São Paulo, no domingo - os ingressos para essas duas últimas apresentações estão esgotados.
Desde que deixou os Smiths, em 1987, a carreira solo de altos e baixos, as idiossincrasias e, por vezes, a boca grande deixaram o cantor numa espécie de limbo. Afinal, ele é só um ex-pop star envelhecendo mal, tentando arrebanhar os caraminguás em uma turnê internacional, ou ainda é um artista que, de fato, tem algo a dizer?
A resposta depende do que cada um espera da música - pop, em particular. Quem ainda tem a ilusão juvenil da novidade permanente pode enfiar sua viola no saco e ficar garimpando a nova banda da semana no site Pitchfork. Quem vê a música pop como uma forma de expressão imperfeita, submetida à lógica da indústria, historicamente circunstanciada e, que, ainda assim permite que de quando em quando alguém se sobressaia e faça música genial, deve prestar atenção no velho "Mozz".
Aos 52 anos de idade, Stephen Morrissey já tem seu lugar numa seletíssima lista de artistas pop maiores que o pop, uma lista que pode incluir nomes como Leonard Cohen, Neil Young, Bob Dylan e Nick Cave. Algumas vezes, esses ícones são chamados de poetas do rock ou do pop, numa curiosa inversão: como se a música pop só fosse realmente grande na medida em que se aproximasse de uma das artes ditas mais nobres. Claro que a capacidade de escrever letras significativas e belas tem relação direta com uma certa permanência das canções dos membros desse time, mas essa definição deixa muito a desejar.
Em primeiro lugar, porque a música pop não é poesia, em que pese o fato de letras serem decisivas para um certo encantamento pop - afinal, ao contrário da música erudita ou do jazz, as músicas populares também valem (ou deixam de valer) tanto quanto dizem (ou deixam de dizer). Em segundo lugar, porque uma outra coisa que há em comum nessa lista de, digamos, heróis foram as escolhas personalíssimas, às vezes na contracorrente de seu tempo, em termos de caminhos sonoros e criatividade musical. E, em terceiro lugar, conta - e muito - a teimosa, furiosa independência/autonomia que esses artistas conquistaram.
Apenas quando tudo isso é levado a extremos autorais é que se tem o tal do artista pop para além do pop, o sujeito que enfrenta e desafia todas as regras - e, ainda assim, faz grande, excelente música pop.
Morrissey é tão poeta como compositor como uma espécie de iconoclasta do mundo pop. Com os Smiths, a banda que formou com sua alma gêmea musical, o guitarrista Johnny Marr, Morrissey tornou a dor da existência, a esquisitice de ser jovem num mundo desmoronando (isso era 1982 e a primeira-ministra Margaret Thatcher se empenhava em destruir o Estado na Inglaterra, enquanto a Guerra Fria ainda poderia fazer o planeta explodir) em canções pop perfeitas, vibrantes e memoráveis.
Dono de uma capacidade de escrever letras atormentadas, mas não destituídas de humor irônico, de falar de solidão (em "How Soon Is Now?", ele canta: "And you stay on your own/ and you leave on your own/ And you go home, and you cry/ And you want to die"; em tradução livre: "E você fica sozinho, e vai embora sozinho, vai para casa e chora e quer morrer"), de timidez, de inadequação, de se sentir miserável num diapasão pós-adolescente, ele também tinha acumulado expertise roqueira variada o suficiente para fazer dos Smiths uma das bandas mais originais do pós-punk.
Em sua carreira solo, depois de "Viva Hate" (1988), o disco de estreia no qual ele parecia afirmar que o legado dos Smiths só a ele pertencia, o cantor foi alternando discos mais e menos bem-sucedidos. Se os discos mais fracos granjearam críticas de repetição e cansaço, isso não impediu que Morrissey fosse arrebanhando novos cultores e mantendo seus velhos fãs.
Não à toa. Daqui, ninguém sai ileso. Ele sobe no palco para falar que a vida é dolorida, mas que há uma luz que nunca se apaga. Sua performance de palco é um contraste com, digamos, a reserva com a qual ele mantém sua vida pessoal. Ao mesmo tempo em que sempre sugeriu uma ambiguidade sexual, desde o tempo em que enfiava um ramalhete de flores no cós traseiro das calças, Morrissey sempre se declarou além e acima de quaisquer definições a esse respeito - ainda que não se faça de rogado para tirar a camisa em shows e mostrar o peito, levando homens e mulheres a suspirar.
O crooner de voz potente e capaz de eletrizar a plateia com a musicalidade roqueira e que também exibe uma sensibilidade ofendida, extremada, mantiveram sua aura de pop star excêntrico e esquisito, mas, ainda, essencial para quem a música pop é mais do que uma forma de cultura de celebridades.
fonte:
Tímidos, infelizes, deslocados, deprimidos e afanadores de lojas de todo o mundo, uni-vos. Stephen Morrissey, o homem que há 30 anos insiste na ideia de que a música pop não é (apenas) para aos alegres, inconsequentes, frívolos e leves de espírito, está entre nós. Sua turnê brasileira começa hoje, em Belo Horizonte, e segue para o Rio, na sexta, e São Paulo, no domingo - os ingressos para essas duas últimas apresentações estão esgotados.
Desde que deixou os Smiths, em 1987, a carreira solo de altos e baixos, as idiossincrasias e, por vezes, a boca grande deixaram o cantor numa espécie de limbo. Afinal, ele é só um ex-pop star envelhecendo mal, tentando arrebanhar os caraminguás em uma turnê internacional, ou ainda é um artista que, de fato, tem algo a dizer?
A resposta depende do que cada um espera da música - pop, em particular. Quem ainda tem a ilusão juvenil da novidade permanente pode enfiar sua viola no saco e ficar garimpando a nova banda da semana no site Pitchfork. Quem vê a música pop como uma forma de expressão imperfeita, submetida à lógica da indústria, historicamente circunstanciada e, que, ainda assim permite que de quando em quando alguém se sobressaia e faça música genial, deve prestar atenção no velho "Mozz".
Aos 52 anos de idade, Stephen Morrissey já tem seu lugar numa seletíssima lista de artistas pop maiores que o pop, uma lista que pode incluir nomes como Leonard Cohen, Neil Young, Bob Dylan e Nick Cave. Algumas vezes, esses ícones são chamados de poetas do rock ou do pop, numa curiosa inversão: como se a música pop só fosse realmente grande na medida em que se aproximasse de uma das artes ditas mais nobres. Claro que a capacidade de escrever letras significativas e belas tem relação direta com uma certa permanência das canções dos membros desse time, mas essa definição deixa muito a desejar.
Em primeiro lugar, porque a música pop não é poesia, em que pese o fato de letras serem decisivas para um certo encantamento pop - afinal, ao contrário da música erudita ou do jazz, as músicas populares também valem (ou deixam de valer) tanto quanto dizem (ou deixam de dizer). Em segundo lugar, porque uma outra coisa que há em comum nessa lista de, digamos, heróis foram as escolhas personalíssimas, às vezes na contracorrente de seu tempo, em termos de caminhos sonoros e criatividade musical. E, em terceiro lugar, conta - e muito - a teimosa, furiosa independência/autonomia que esses artistas conquistaram.
Apenas quando tudo isso é levado a extremos autorais é que se tem o tal do artista pop para além do pop, o sujeito que enfrenta e desafia todas as regras - e, ainda assim, faz grande, excelente música pop.
Morrissey é tão poeta como compositor como uma espécie de iconoclasta do mundo pop. Com os Smiths, a banda que formou com sua alma gêmea musical, o guitarrista Johnny Marr, Morrissey tornou a dor da existência, a esquisitice de ser jovem num mundo desmoronando (isso era 1982 e a primeira-ministra Margaret Thatcher se empenhava em destruir o Estado na Inglaterra, enquanto a Guerra Fria ainda poderia fazer o planeta explodir) em canções pop perfeitas, vibrantes e memoráveis.
Dono de uma capacidade de escrever letras atormentadas, mas não destituídas de humor irônico, de falar de solidão (em "How Soon Is Now?", ele canta: "And you stay on your own/ and you leave on your own/ And you go home, and you cry/ And you want to die"; em tradução livre: "E você fica sozinho, e vai embora sozinho, vai para casa e chora e quer morrer"), de timidez, de inadequação, de se sentir miserável num diapasão pós-adolescente, ele também tinha acumulado expertise roqueira variada o suficiente para fazer dos Smiths uma das bandas mais originais do pós-punk.
Em sua carreira solo, depois de "Viva Hate" (1988), o disco de estreia no qual ele parecia afirmar que o legado dos Smiths só a ele pertencia, o cantor foi alternando discos mais e menos bem-sucedidos. Se os discos mais fracos granjearam críticas de repetição e cansaço, isso não impediu que Morrissey fosse arrebanhando novos cultores e mantendo seus velhos fãs.
Não à toa. Daqui, ninguém sai ileso. Ele sobe no palco para falar que a vida é dolorida, mas que há uma luz que nunca se apaga. Sua performance de palco é um contraste com, digamos, a reserva com a qual ele mantém sua vida pessoal. Ao mesmo tempo em que sempre sugeriu uma ambiguidade sexual, desde o tempo em que enfiava um ramalhete de flores no cós traseiro das calças, Morrissey sempre se declarou além e acima de quaisquer definições a esse respeito - ainda que não se faça de rogado para tirar a camisa em shows e mostrar o peito, levando homens e mulheres a suspirar.
O crooner de voz potente e capaz de eletrizar a plateia com a musicalidade roqueira e que também exibe uma sensibilidade ofendida, extremada, mantiveram sua aura de pop star excêntrico e esquisito, mas, ainda, essencial para quem a música pop é mais do que uma forma de cultura de celebridades.
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