Com a saída do guitarrista original, Fast Eddie Clarke, Lemmy e
Philthy Animal Taylor viram-se obrigados a rapidamente encontrar um
substituto à altura, para “não deixar a bola cair”. A escolha recaiu
sobre um nome conhecido do cenário britânico, embora muitos a tenham
estranhado pela diferença de estilos: era o escocês Brian Robertson, um
dos guitarristas do Thin Lizzy.
Fast Eddie Clarke saiu da banda para formar com o baixista Pete Way,
então egresso do UFO, o novo grupo Fastway. Em paralelo, nascia um novo
Motorhead, mais melódico e, por que não dizer, mais comercial. Ou pelo
menos mais aceito por fãs de música de fora do seu gueto tradicional.
Isso se mostrou uma idéia ousada e brilhante tanto do ponto de vista
musical quanto mercadológico, como os anos seguintes mostrariam.
Musicalmente o que ocorreu foi de fato uma transformação grande, mas
que evitou por outro lado que o grupo entrasse pelo caminho da mesmice,
que era o que se desenhava à sua frente. Robertson acrescentou grandes
doses de melodia e harmonia ao grupo, que passou a soar como uma versão
mais sofisticada de si mesmo. O peso e a energia visceral ainda estão
lá, porém agora com uma riqueza nunca antes vista. Este é certamente um
disco polêmico, que dividiu os que preferiam a maior crueza dos
trabalhos anteriores, e os que gostaram das mudanças (que foi o meu
caso).
Logo aos primeiros acordes de “Back At The Funny Farm”,
mesmo um desavisado notaria que algo de esquisito havia ocorrido. Em
paralelo ao tradicional baixo destorcido tocado com palheta, de Lemmy,
estava uma guitarra mais preocupada em preencher espaços do que em
brigar por eles. Brian Robertson não somente acrescentou um toque de
classe ao grupo, como adequou o seu estilo de forma convincente ao Motorhead.
A segunda faixa, a ótima “Shine”, virou single e videoclipe que passou
bastante nos primeiros programas do gênero a pintarem por aqui (antes
mesmo da chegada da MTV ao Brasil). É possível notar-se mudanças também
no estilo de tocar bateria de Clarke, que passou a utilizar-se de
sutilezas, digamos assim, antes desnecessárias. Ventos refrescantes de
uma nova era, e algo que persistiria e de certa forma até se
desenvolveria nos próximos álbuns.
É interessante perceber como
novos estilos de composição abriram-se ao grupo, como fica claro em
músicas como “One Track Mind” e a faixa-título (esta no início poderia
ser até confundida com uma música do Whitesnake
ou similar!), que contavam ainda com inspirados solos de guitarra. Para
quem acha que Lemmy poderia estar meio deslocado nesse novo cenário,
isso não foi de forma alguma verdade, e na realidade representou
exatamente o que ele estava buscando naquele momento, ou seja,
aproveitar a saída de um membro-chave para fazer as necessárias
alterações de rumo, e progredir.
Dignas de destaque são também as
músicas “Dancing On Your Grave”, que Lemmy costumava dedicar em shows
aos críticos de revistas que picharam o disco por achá-lo
descaracterizado em relação ao estilo anterior da banda; “Rock It” e “I
Got Mine”, ambas com criativas partes de guitarra e melodias cativantes,
trafegando por mares nunca antes navegados pela banda.
Uma pena que esta formação tenha gerado apenas este disco. Mesmo assim,
ele se transformou em mais um álbum indispensável a qualquer discoteca
de peso.
Meu Amigo! "Another Perfect Day"... No dia que saiu aqui no Brasil, ou melhor, chegou aqui na Bahia, com uns 10 a 15 dias de atraso eu o tive em minhas mãos! E o tenho até hoje! Eu sabia que Brian Robertson estaria na Banda, mas sinceramente não acreditava que ele "casaria" bem com o som do Motorhead, devido a sua harmonia e lentidão! Sobrou horas de estúdio para mixae Zilhões de Guitarras, mas no final, no meu conceito foi muito bom! Porque foi diferente dos álbuns anteriores! Mas sem dúvidas, Robbo não era Guitarrista para esta Banda. Em "One Track Mind" ele dita a regra para o novo Motorhead, e o resto do play é TODO Bom! Desculpe por ter dado a minha opinião aqui... Por outro lado, o seu BLOG é demais!
ResponderExcluirEstarei "linkando-o" lá no nosso, Salada Rock ®! Você, se quiser, pode visitar também o Salada, e se gostar, pode "linká-lo" aqui no seu também, ok? Parcerias para o Rock & Roll sempre ficar Vivo!!!
Jack
ExcluirConfesso que eu descobrio Another a pouco tempo. E estou impressionado com a qualidade sonora do disco, é uma porrada.
O Brian Robertson realmente causou um frisson na banda, deixando-a mais harmoniosa, com as guitarras mais gordas, cheias de riffs legais. Enfim, é um discaço.
Recentemente tenho (re)descoberto alguns discos, como o novo post do Boston, que é demais. Minha intenção no blog é deixar o leitor bem a vontade com os discos e, assim como eu, ir descobrindo aos poucos que Rock N' Roll é muito complexo mas ao mesmo tempo muito, mas muito legal.
Grande abraço.