segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

The Beatles - Revolution


O Verão do amor foi seguido pela Primavera da Revolução. Em março de 1968, milhares de pessoas marcharam em frente à Embaixada Americana, em Londres, para protestar contra a Guerra do Vietnã. Em maio, estudantes fizeram uma manifestação em Paris. Ao contrário de Mick Jagger, que participou de uma marcha, John assistiu a esses eventos de sua casa. Ele começou a trabalhar em "Revolution" na Índia e a terminou em casa, quando Cynthia estava na Grécia. Ele mostrou para Paul como um single em potencial, mas Paul disse que não era suficientemente comercial.

Não era a canção de um revolucionário, e sim de alguém pressionado pelos revolucionários a declarar sua aliança. John, o Beatle de maior consciência política e mais esquerdista, tinha se tornado alvo de grupos leninistas, trotkistas e maoístas, que achavam que ele devia apoio às suas causas.

"Revolution" foi a resposta de John a essas facções e as informava de que, apesar de compartilhar do desejao por mudança social, ele acreditava que a única revolução que valia a pena surgiria da mudança interna, em vez da violência revolucionária. No entanto, ele nunca teve certeza absoluta de sua posição e limitou suas apostas na versão lenta da música lançada no álbum The White Album. Depois de admitir que a destruição pode vir com a revolução, ele cantou "you can count me out/in", claramente incerto de qual lado do debate assumir. Na versão mais rápida, gravada seis semanas depois e lançada no lado B de "Hey Jude", ele omitiu a palavra "in". (Veja abaixo a versão gravada no The Beatles - White Album).


Essa omissão provocou muita aflição na imprensa alternativa. A revista americana Ramparts a chamou de "traição" e o New Left Review, de "um grito de medo lamentável de um burguês mesquinho". A revista Time, por outro lado, dedicou um artigo inteiro à música que dizia que ela "criticava ativistas radicais mundo afora".

A natureza do dilema de John foi revelada em uma troca de correspondência publicada na revista Keele University. Em uma cara aberta, o estudante John Hoyland afirmou sobre "Revolution": "Essa gravação não é a mais revolucionária que Mr's Dale Diary [uma novela de rádio da BBC]. Para mudar o mundo, precisamos entender o que há de errado com ele. E depois, destruí-lo. Impiedosamente. Não é crueldade nem loucura. É uma das formas mais intensas de amor. Porque o que estamos combatendo é o sofrimento, a pressão, a humilhação - o imenso custo da infelicidade causado pelo capitalismo. E todo 'amor' que não se oponha a essas coisas é meloso e irrelevante. Não existe uma revolução polida".



Em sua resposta, John escreveu: "Não me lembro de ter dito que 'Revolution' era revolucionária. Dane-se Mrs Dale. Ouça as três versões de 'Revolution' - 1, 2 e 9 - e depois tudo de novo, caro John (Hoyland). Você diz á para mudar o mundo, precisamos entender o que há de errado com ele. E depois, destruí-lo. Impiedosamente. Você obviamente está em um movimento de destruição. Vou dizer o que há de errado com ele - as pessoas. Então, você quer destruí-las? Impiedosamente? Até que você (nós), mude (mudemos) a sua (nossa) cabeça - não há nenhuma chance. Cite uma revolução bem-sucedida. Quem fodeu o comunismo, o cristianismo, o budismo, etc? Cabeças doentes, e nada mais. Você acha que todos os inimigos usam um distintivo de capitalismo para que você  possa atirar neles? É um tanto ingênuo, John. Você parece achar que é só uma luta de classes".


Ao ser entrevistado por jornalistas da revista, John Lennon declarou: "Tudo o que estou dizendo é que acho que vocês devem fazer isso mudando a cabeça das pessoas, e eles estão dizendo que devemos destruir o sistema. No entanto, essa coisa de destruição do sistema existe faz tempo. O que ela conseguiu? Os irlandeses fizeram, os russos fizeram, e os franceses fizeram. Aonde isso os levou? A lugar nenhum. É a velha história; quem vai comandar essa destruição? Quem vai assumir o controle? Vão ser os maiores destruidores. Eles vão chegar primeiro e, como na Rússia, vão assumir o controle. Eu não sei qual é a resposta, mas acho que são as pessoas".

É uma posição que John manteria. Em 1980, ele disse que "Revolution" continuava se for para a violência. "Não esperem me ver nas barricadas, a não ser que seja com flores".

Abaixo, a versão mais conhecida de REVOLUTION.



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