terça-feira, 11 de setembro de 2012

Mr. Mojo Risin'

O ano de 1971 não podeira ser menos tenso para os Doors. O clima entre os integrantes era difícil após tantas polêmicas judiciais de Jim Morrison que começou em Miami quando insultou a platéia e simulou masturbação no palco.

Jim havia se cansado da imagem de sex symbol que tinham lhe atribuído e começou a cultivar um visual nada bonito; barba cerrada, barriga grande que lhe davam um olhar de profeta. Mas, apesar disso, os Doors continuavam com o prestígio em alta com os fãs.

Após lançarem um disco frouxo em 1979, The Soft Parade, o grupo voltou à boa forma em 1970 com o excelente Morrison Hotel e também com o duplo ao vivo Absolutely Live, que capturou performances entre 1968 e 1970.



Assim, em 1971 o grupo entrou em estúdio para gravar aquele que seria o sexto disco de estúdio. Mas a situação não era fácil. Logo no início das sessões, o produtor Paul Rotchild, que havia trabalhado com os Doors nos discos anteriores resolveu desistir de tudo. Alegando cansaço e falta de motivação para continuar, Paul simplesmente largou tudo. Segundo Bruce Botnick, engenheiro de som do disco e que acabaria assumindo a função de produtor junto com a banda, Paul afirmou que estava cansado desse som de cocktail jazz, fazendo referência aos primórdios do que seria "Riders on the Storm". Paul confessa que chegou a, literalmente, dormir em algumas sessões.

A sua saída foi um tremendo baque para todos e a solução encontrada por Botnick foi irem até os estúdios da gravadore Elektra e começarem a trabalhar. O clima não ia muito bem, até que Bruce sugeriu que fizesse as gravações no local de ensaios da banda, um prédio de dois andares construído pela banda e pelo empresário Bill Siddons. Ele apenas levaria alguns equipamentos, utilizando um estúdio portátil de oito canais, em uma época em que os 16 canais já eram comuns.

Mais relaxado, o grupo começou a produzir em estúdio, já que entraram com pouquíssima coisa pronta para o novo disco. Apesar disso, o clima entre os integrantes era calmo e Bruce sugeriu dois músicos de estúdio para a empreitada: o guitarrista Marc Benno, que havia trabalhado com Elvis Presley e o baixista Jerry Scheff. Com Benno, Robby Krieger teria mais espaços para fazer seus solos, idéia imediatamente aceita até porque Jim era fã incondicional de Elvis. A reação foi mais ou menos essa: "What The Fuck????"

A primeira providência foi deixar o mais "limpo" possível, abastecendo-o apenas com algumas cervejas após as sessões. Apesar da falta de material previamente escrito, o grupo conseguiu algo que parecia impossível: Gravar rapidamente. Enquanto The Soft Parade, por exemplo, levou quase nove meses para ser gravado, L. A. Woman levou menos de um mês. As músicas eram feitas quase que no ritmo de uma por dia e o disco foi gravado em incríveis seis dias. Segundo Botnick, Jim estava mais feliz do que nunca, cantando seus blues.

Bruce também deixou a banda mais relaxada e por ser menos exigente do que Rothchild a tensão era visivelmente menor. Um dos bons exemplos foi a canção "The Wasp (The Texas Radio and the Big Beat)". Jim havia escrito esse poema e Robby conseguiu criar uma melodia rapidamente e, em menos de uma hora, a canção estava pronta.

O disco foi um grande sucesso alcançando platina dupla nas vendagens - algo em torno de 2 milhões de cópias vendidas -  e após isso, Jim Morrison finalmente tirou suas férias em Paris, que tanto sonhara e já agendada.

Infelizmente Jim acabaria não voltando ao morrer em circunstâncias misteriosas e até hoje não explicadas, em 3 de julho de 1971, após um ataque cardíaco. 

Esse ano foi lançado a versão comemorativa de 40 anos do disco que conta inclusive com um DVD de um especial para a TV e também 35 minutos de extras. Este documentário já pode ser visto no canal Multishow HD, CanalBis. Vale a pena.

A título de curiosidade, Mr Mojo Risin, refrão cantado na música LA Woman, é um anagrama para Jim Morrison.

Experimente LA Woman CD1:
Experimente LA Woman CD2:

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