quarta-feira, 27 de março de 2013

A Donzela de Ferro e a História: Powerslave (1984)

Quem não se lembra ou não viu algo sobre o dia de lançamento do Macintosh, bem no comercial do Super Bowl em 1984?

Foi um ano importante para a política brasileira. Tancredo Neves fora eleito presidente, o primeiro após a sombria, criminosa e sangrenta ditadura militar. Aconteciam também as "Diretas Já" (que na véspera do aniversário da cidade de São Paulo, na Praça da Sé), e a rede a Globo noticiou que era festa de aniversário da cidade, escondendo que era uma manifestação política.

Na música, Madonna lança Like A Virgin, Michael Jackson ganha vários prêmios pelo estrondoso sucesso comercial Thriller, o Metallica lança Ride The Lightining, o Scorpions Love At First Sing, seu maior sucesso comercial e bem... O Iron Maiden lança o melhor álbum de sua carreira, Powerslave, e sai em turnê com a World Slavery Tour.



 1984 - Powerslave

"We shall go on to the end.
We shall fight in France
We shall fightover the seas and oceans
We shall fight with growing confidence and growing strenght in the air.
We shall defend our island whatever the cost may be
We shall fight on the beaches, we shal fight on the landing grounds,
We shall fight in the fields and in the streets, 
We shall fight on the hills.
We shall never surrender".

Churchill's Speech

Que bela maneira de se começar um belo álbum não? Aces High é a música de abertura da bolacha e mostra a visão de um piloto do caça inglês Spitfire durante a segunda guerra mundial.


O Discurso de Churchill

O discurso da introdução foi pronunciado por Churchill enquanto Primeiro Ministro inglês, na câmara dos Comuns em 4 de junho de 1940, durante a segunda guerra mundial.

Aqui (encurtado e com legenda) e aqui (maior e sem legenda) o discurso de Churchill.


Batalha da Grã-Bretanha

Como já dito anteriormente, esta foi a primeira batalha apenas com aeronaves. A blitz alemã da Luftwaffe (blitz [que em inglês significa flash ou lightning] vem de blitzkrieg, guerra relâmpago) atacou Londres e várias outras cidades inglesas entre 7 de setembro de 1940 e 10 de maio do ano seguinte. Mais de 40.000 pessoas foram atingidas nos bombardeios e mais de um milhão de casas foram destruídas _ mais da metade em Londres.
Os alemães começaram atacando pistas de pousos e fábricas, para que os ingleses não tivessem como repor suas perdas. Os ingleses atacaram Berlim e depois, por ordens do Führer, a Luftwaffe começou seus ataques contra a população para espalhar medo.

As defesas inglesas foram melhorando, a maior dificuldade dos ingleses era se defenderem durante os ataques noturnos. Conforme o tempo foi passando os ataques diminuíram (os alemães estavam perdendo muitos pilotos e aeronaves) até que os alemães suspenderam a Operação Seelöwe (Leão Marinho) e partiram para conquistar a União Soviética.


Seguimos com 2 Minutes to Midnight, que é um som voltado para as políticas de guerra, algo como alguns políticos e empresários ganhando com a desgraça da população.

Durante o som é feito uma referência a Bergen-Belsen, que era um campo de concentração nazista _ não era de extermínio, mesmo que muita gente tenha morrido lá de doenças e torturas. Hoje em dia é um campo aberto ao público.

2 minutos para meia-noite é algo bem interessante. O comitê Bulletin of the Atomic Scientists da universidade de Chicago, desde 1947 mantém um relógio chamado de Doomsday Clock (Relógio do Apocalipse) que conta quantos minutos faltam para um desastre nuclear baseado nos acontecimentos mundiais.

Quanto mais o gráfico desce, mais próximo do desastre ele está. Em 1953, como podem ver na imagem abaixo, este índice chegou à 2 minutos (to midnight, ou seja, do apocalipse) e é disso que a música fala.

Aqui o índice atual.


Losfer Words... é uma contração de "lost for words", ou seja, não há o que dizer. E "Orra" é a pronúncia da palavra Horror em Cockney, que é o sotaque do pessoal de East End, Londres. 

Seguimos com Flash of the Blade, que é outro som que fala de um espadachim. Um garoto que viu os pais morrerem, aprende as técnicas da espada com seu mestre e parte para vingança. Este som faz parte da trilha sonora do filme italiano Phenomena (1985) filme que inspirou o jogo de horror psicológico Clock Tower _ disponível para PS3.

The Duellists está relacionado com filme de mesmo nome, de Ridley Scott (anos mais tarde diretor de Hanibal e Robin Hood), foi lançado em 1977. Este filme nos leva para França de 1800, época de apogeu e declínio de Napoleão Bonaparte. A história é a seguinte: são dois soldados do exército de Napoleão que por mais de 20 ANOS, duelam entre si, com algumas pausas, e ninguém sabe exatamente o motivo.   
Back in the Village refere-se a The Village do seriado The Prisoner, que é já foi citado no álbum The Number of the Beast.


Powerslave o som que dá nome ao álbum é o próximo. Neste som um faraó lamenta a limitação de seus poderes, se ele é um deus, porque tem que morrer?

Durante o som ele faz menções a símbolos egípcios como o Olho de Hórus que significa poder, coragem e proteção.


Simbolizava o olho direito do falcão, isto é, de Hórus, o qual foi perdido durante a luta contra seu tio Seth, que o fracionou em 64 partes. Diz a lenda que o olho foi restaurado por Thoth.

Após ser restaurado, Hórus pode reviver Osíris (referido no verso "Enter the risen Osiris-risen again").

No fim do som, ele fala sobre o que acontecerá a ele após sua morte, baseado claro, na fictícia maldição do faraó ("A shell of a man God preserved-a thousand ages"). Esta história de maldição começou após 1923, ano da descoberta da tumba de Tutankhamon por Lord Carnarvon e sua expedição _ financiada por ele aliás.

Lord Carnarvon morreu 4 meses depois graças a picada de um mosquito. Enquanto ele morria, por assim dizer, acabou a luz no Cairo e seu cachorro, que estava na Inglaterra, começou a uivar até morrer. Bom, aí a imprensa fez seu papel, espalhou a notícia com estardalhaço e muitos "analistas" começaram a sugerir que podia ser uma maldição do faraó _ aí inventaram que haviam inscrições com maldições nas tumbas e o resto vocês já imaginam.


E finalmente, chegamos no memorável som Rime of the Ancient Mariner. Este som é baseado no romance de quase mesmo nome - The Rime of the Ancient Marinere - escrito pelo poeta, crítico e ensaísta inglês Samuel Taylor Coleridge (1772–1834) em 1798.
 

Este poema dá início a literatura romântica na Inglaterra. Assim como na música, o poema fala de um marinheiro que no caminho de um casamento, para um homem e começa a contar suas histórias em alto mar.

Em português vocês encontram com o nome de A Balada do Velho Marinheiro, com um pouco de esforço acham para baixar. Aqui no youtube tem uma versão narrada, em inglês, britânico.

Abaixo, o álbum na íntegra, com as faixas bônus lançado em 1995.


Powerslave - 1984

01. Aces High
02. 2 Minutes To Midnight
03. Losfer Words
04. Flash Of The Blade
05. The Duellists
06. Back In The Village
07. Powerslave
08. Rime Of The Ancient Mariner

Formação
Bruce Dickinson - Vocalista
Steve Harris - Baixo e Backing Vocals
Dave Murray - Guitarra
Adrian Smith - Guitarra e Backing Vocals
Nicko McBrain - Bateria
Post Anterior: Piece Of Mind (1983) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário