quinta-feira, 28 de março de 2013

Houses Of The Holy, 40 anos.


Em março de 1973, em Tampa, na Flórida, o Led Zeppelin lançou Houses Of The Holy, talvez o álbum mais leve de todo o catálogo da banda. Com exceção da taciturna "No Quarter", a gravação de quarenta minutos é despretensiosa, festeira, carregada de energia.

"Minha intenção principal com Houses Of The Holy era seguir em frente", disse Page, que mais uma vez foi o produtor do álbm. "Embora todos estivessem clamando por outro Led Zeppelin IV, é muito arriscado tentar se repetir. Não vou dar nomes aos bois, mas é certo que você já ouviu bandas que ficam se repetindo eternamente. Depois de quatro ou cinco álbuns elas simplesmente se esgotam. Com a gente, você nunca sabia o que estava por vir. Acho que dá para ouvir a diversão que tivemos com Houses.... e também ouvir a dedicação, o compromisso".

Músicas como "D'yer Mak'er", de influência reggae, e o funk fora do registro em "The Crunge", fizeram com que o senso de humor cáustico do Led brilhasse em meio à exótica mistura de misticismo e blues norte-americano, o que representou uma espécie de ponto de virada no estilo da banda. Aliás, o blues, que fez grande parte da primeira fase do grupo, está totalmente ausente em Houses.


Mas embora o disco seja decididamente divertido, também é um dos álbuns mais intrincados do Led, graças a composições vastas como "Over The Hills And Far Away", "The Rain Song" e a tremulante faixa de abertura "The Songs Remains The Same", que traz a guitarra mais veloz e deslumbrante de Page. Mesmo a aparentemente tranquila "Dancing Days" tem camadas surpreendentes de harmônicas ricas e uma slide guitar complexa se você para para prestar a atenção em mais do que a letra alegrinha.

O tom extrovertido de Houses Of The Holy transbordou para o show remodelado da banda. O quarteto que antes usava adornos hippies casuais no palco agora começava a vestir-se com mais exuberância em grandes arenas. Page, em particular, começou a usar roupas sob medida para fazer jus à imagem de Deus internacional da guitarra, tornando-se criador de tendências. A sua jaqueta de toureiro coberta de brocados de rouxinóis criou um alvoroço na Londres fashionista.

Os locais de shows maiores também exigiam um grande espetáculo de luzes, e o Led estava determinado a oferecer isso. A turnê de 1973 agora trazia efeitos de última moda, como gelo seco, globo de espelhos suspenso, fileiras de luzes coloridas e estroboscópicas. Em termos musicas, a banda tratava cada música como um evento separado. "Dazed And Confused" agora tinha vinte minutos de pura malícia, enquanto "Stairway To Heaven" era executada (e recebida por fãs ardorosos) como um sacramento religioso transcedental.


O ponto alto da turnê de 1973 aconteceu em julho, com as apresentações finais do grupo no Madison Square Garden, em Nova York, das quais trechos extensos são produzidos no clássico álbum ao vivo "The Songs Remains The Same". Page disse que, entre a gravação do filme para o álbum e a adrenalina dos shows, ela passou cinco dias sem dormir.

Hoje, 40 anos depois, o álbum continua  cult entre os fãs e adoradores, tanto do Led quanto de boa música. Ouça abaixo e comprove.

Texto retirado do livro Luz & Sombra - Conversas com Jimmy Page.


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