quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Donzela de Ferro e a História: Sevent Son Of A Sevent Son (1988)

Em 1988, o Congresso Nacional Brasileiro aprova a Nova Constituição Brasileira, Ayrton Senna vence o grande prêmio de Suzuka no Japão, conquistando o seu primeiro campeonato mundial e, no dia 3 de agosto de 1988, o fim da censura e da tortura, além da liberdade de expressão intelectual e de imprensa no Brasil, é aprovado pele Assembléia Nacional Constituinte.

O Megadeth lança So Far, So Good... So What!, o Slayer lança South Of Heaven, o Metallica lança ...And Justice For All, Tina Turner faz um show no Rio de Janeiro, que entra para o Guinness Book e o Iron Maiden lança seu sétimo álbum de estúdio, o grandioso Seventh Son Of A Seventh Son.



1988 - Seventh Son Of A Seventh Son

O Sétimo Filho do Sétimo Filho é o sétimo álbum da banda. Praticamente uma narrativa. Porém, antes de começarmos a traçar o perfil do álbum, o portal Iron Maiden Commentary, que tem sido uma fonte inesgotável de informações,  sugere um resumo da história:

Moonchild: O demônio manda um aviso para os pais da criança: não adianta escapar!
Infinite Dreams: O pai do sétimo filho (que também é o sétimo filho de sua geração), tem visões que ele não compreende;
Can I Play With Madness: O pai do sétimo filho busca uma explicação para suas visões, mas não gosta muito do que ouve...
The Evil That Men Do: A criança nasce, o pai morre;
Seventh Son Of A Seventh Son: Nascimento da criança com poderes sobrenaturais, o bem e o mal disputam a criança;
The Prophecy: O garoto se dá conta de seus poderes destruidores e tenta avisar a todos da profecia, mas ninguém dá ouvidos a ele;
The Clairvoyant: O garoto torna-se vidente e passa a ter controle de seus poderes, e está ciente que este poder poderá destruí-lo;
Only The Good Die Young: é uma reflexão de tudo o que aconteceu.

Agora que já sabemos o resumo do álbum, vamos nos aprofundar um pouco mais na história por trás da história do disco, praticamente uma ópera-rock do Iron Maiden.

Moonchild é inspirada no ritual Liber Samekh de Aleister Crouwly (1875-1947). Este ritual é feito para a besta, para que se possa ter conhecimento e poder conversar com seu guardião.

Lucifer (Lucem Ferre), o portador da luz, é uma referência ao planeta Vênus (estrela D'Alva) e também ao anjo caído. Como muitos sabem, a mitologia cristã faz muitas referências a outras mitologias, inclusive neste caso, onde na mitologia grega o titã Prometheus dá o fogo para os humanos, assim como Lucifer leva o conhecimento para Adão e Eva. Ambos são punidos por seus respectivos deuses.


Moonchild também é um livro escrito por Aleister Crowley, e falava da luta das forças do bem contra o mal. Gabriel é o anjo que jogou Lúcifer no inferno.

Na música diz: "Moonchild - hear the mandrake scream". Mandrake é também o nome da planda Mandrágora

A raíz da mandrágora tem forma de um garfo de três pontas (ou tridente, como queira), e era considerada uma planta com superpoderes. Acredita-se que ela nascia embaixo das forcas, após o solo ser banhado com um sêmen do homem enforcado [se você souber como faz para cair sêmen de uma cabeça rolando, nos avise].

Para tirar a mandrágora, o sujeito precisava colocar cera nos ouvidos, para que o grito da planta [sim, a planta gritava ao ser arrancada do solo] não ensurdecesse ou matasse. A planta era usada para invencibilidade, encontrar tesouros ou auxiliar na gravidez - e talvez, deve ter auxiliado a mãe do sétimo filho do sétimo filho.


[Procure por Thelema e Aleister Crowley para saber mais sobre este mundo].


Infinite Dreams fala sobre o pai do sétimo filho, que está atormentado por sonhos e pesadelos paranormais. Ele também deve ter alguns poderes, mas não entende suas visões. A música explora o que pode haver depois da morte.

"There's got to be just more to it, than this 
Or tell me why do we exist
I'd like to think that when I die
I'd get a chance another time
And to return and live again
Reincarnate, play the game
Again and again and again..."

Can I Play With Madness é um dos sons mais conhecidos da banda. A música pode ser considerada feliz ou meio doida, já que é assim que o pai do sétimo filho se sente ao tentar entender o porquê de suas visões.


Um pequeno aparte.

Este álbum fala sobre Lúcifer e de sua morada, o inferno. O inferno é um tema bastante explorado por várias religiões, pela literatura e cinema. Na Divina Comédia de Dante Alighieri por exemplo, ele mostra o inferno como nove círculos de sofrimentos localizados na Terra. Quanto mais grave o pecado do pecador, mais o sujeito desce.



The Evil That Men Do, teve seu nome retirado deste trecho da obra Julio César (1599) de William Shakespeare:

"Friends, Romans, coutry men, lend me your ears; I come to bury Caesar, not to praise him. The evil that men do lives after them, the good is oft interred with their bones; so let it be with Caesar". Julius Caesar. ACT III Scene 2.


Este trecho é falado por Marco Antônio após a morte de César pelos senadores traidores [desculpem o pleonasmo]. Christian Gurtner interpreta o discurso de Marco Antônio em seu podcast, no site o Escriba Café. Uma obra prima da internet!


Bruce, antes de cantar este som, normalmente diz "the good that the man do, is often interred with their bones, but the evil that men do, lives on" (veja abaixo no vídeo).


Seventh Son Of A Seventh Son é baseado na ficção de Orson Scott Card, Seventh Son (1987). Alvin, o sétimo filho do sétimo filho não sabia de seus poderes, mas agora os descobre, tendo ele que escolher entre o bem e o mal, que faze o possível para persuadí-lo. Previsto para 2013, o filme The Seventh Son, com a gatíssima Juliane Moore, conta a história do sétimo filho, mas uma história bem diferente da contada por Orson Scott Card.


Em The Prophecy, Alvin pede para que todos acreditem na profecia que iria destruir a vila. Lembrando qeu a lenda deve ser da época medieval. Então, destruir uma vila era muita coisa. A profecia se mostra como algo inevitável, ou seja, estava escrita e nada poderia mudá-la.


Em The Clairvoyant, Alvin já sabe controlar suas visões, e não sabe o que fazer de sua vida, pois estes poderes irão destruí-lo de qualquer forma.


Only The Good Die Young encerra este grande álbum! É uma reflexão (aparentemente de Alvin e de Lúcifer, em estrofes alternadas) sobre a vida e a morte. Também dá uma cutucada de leve nos cristãos, que preferem crer em seu livro velho (Walking on water - are miracles all you can trust?) do que nos acontecimentos que chamam a atenção no momento. A profecia se cumpre, quem não acreditou neste novo profeta, morreu...

Este som novamente leva ao pensamento sobre como o destino é inescapável. O sétimo filho sente-se como um mero peão (de xadrez mesmo) na luta entre o bem e o mal, que não tem um vencedor.


O som acaba falando do número 7 por várias vezes, e não à toa, existe todo um misticismo acerca deste número. Só não há como confirmar quanto há uma tentativa de forjar o número 7, como fica claro em as 7 maravilhas do mundo ou, provavelmente ou coincidentemente nas passagens bíblicas, onde o 7 é muito usado, quando de fato existem 7 tais coisas como: as 7 cores do arco-íris, os 7 mares, as 7 notas musicais, os 7 dias da semana...

Abaixo, o álbum na íntegra.


Iron Maiden - Seventh Son Of A Seventh Son (1988)

01. Moonchild
02. Infinite Dreams
03. Can I Play With Madness
04. The Evil That Men Do
05. Seventh Son Of A Seventh Son
06. The Prophecy
07. The Clairvoyant
08. Only The Good Die Young

Formação
Bruce Dickinson  - Vocais
Steve Harris - Baixo e Backing Vocals
Dave Murray - Guitarra
Adrian Smith - Guitarra e Backing Vocals
Nicko McBrain - Bateria

Álbum anterior: Somewhere In Time (1986)

Nenhum comentário:

Postar um comentário